O Diretório Municipal do PSOL em Juiz de Fora Repudia as falas do Vereador Mello Casal e do ex-deputado Roberto Jefferson

O evento da live entre estes os dois “homens públicos” foi repleto de graves acontecimentos que não podem passar sem o devido registro, crítica, repúdio e a exigência de todas as medidas cabíveis no que tange a responsabilização. As palavras proferidas pelo ex-deputado são de extrema gravidade, contaram, ora com o silêncio cúmplice, ora com uma tentativa de apaziguar ânimos que reitera a cumplicidade do vereador desta cidade. Não bastasse nos encontrarmos em um dos mais dramáticos momentos da nossa história, com uma trágica crise sanitária e sob total abandono dos governos federal e estadual, somos obrigados a assistir estarrecidos às propostas do Sr Roberto Jefferson que as proferiu com absoluta naturalidade e frieza, resgatando a trágica memória dos tempos autoritários, ditatoriais nos quais a escória da política nacional se criou e, lamentavelmente, ainda fermenta em plena luz do dia, na agitação fascista por um golpe de Estado.

É este cenário que torna mais grave a referida atividade.

O Brasil é signatário de vários documentos internacionais nos quais se vincula à defesa dos direitos e garantias sociais e individuais. A Constituição federal de 1988, nos seus artigos 5º e 6º reafirma estes direitos e garantias.  A liberdade de expressão inscrita na mesma Carta Constitucional não dá salvo conduto ao cometimento de agressões de natureza misógina, LGBTTQIA+fóbica, racistas ou qualquer forma de discriminação, algumas das quais já tipificadas como crime.

A incitação ao ódio e à violência não poupou nenhum setor social. Atacaram os sempre estigmatizados lutadores pela igualdade e a solidariedade (comunistas e socialistas) além do inacreditável ataque à guarda municipal com requintes de crueldade, mencionando técnicas de tortura e execuções  ao sugerir atirar na cabeça e da incitação à formação de milícias. Não bastasse isso, reproduziu a tática que os apoiadores de Bolsonaro têm usado para perseguir cidadãos que discordam de sua política como identificar locais de residência, familiares e “ir atrás deles”. São incitações ao uso de técnicas compartilhadas por criminosos e ditadores. Também nos causou repulsa a forma como os ditos “homens públicos” criticaram a chefe do executivo municipal. Exigimos respeito à mulher eleita e ocupante do cargo de mandatária da municipalidade. Discordar politicamente de um projeto ou ideias não pode ser aval ao desrespeito, à misoginia ou qualquer tipo de intolerância.

Como se não bastasse toda esta situação vergonhosa e inaceitável, o dito ex-deputado, atacou as universidades públicas, seus trabalhadores, os servidores públicos e estudantes. Referiu-se à Universidade Federal de Juiz de Fora como antro de “perdição”, de uso de drogas e “fábrica de gays”. A Universidade é e sempre será um espaço de acolhimento, de diversidade, de pluralidade de ideias e de formas de existir. A Universidade se orgulha de lutar pela laicidade do Estado, pelos princípios presentes na CF/88 e para que o caráter humanista que a inspira se materialize em direitos. É desconcertante ver a total falta de compostura e decoro parlamentar destes homens. Aproveitam-se do preconceito e da opressão para jogar água no moinho da destruição da Universidade Pública, a Instituição que abriga há quase um século mais de 90% de toda a pesquisa produzida no país, que tem resistido à sistemática destruição de suas condições de produção pelos cortes constantes e substanciais em seu orçamento, ao mesmo tempo em que o governo destina estes recursos às obras de seus “apoiadores”. Coloca-se em risco assim a luta em resposta à pandemia, os avanços técnicos, tecnológicos, sociais, produzidos em seus espaços acadêmicos, aprofundando nossa dependência dos países estrangeiros e das grandes corporações.

Estes senhores mesquinhos em sua live local, somam suas vozes ao projeto entreguista e autoritário do desgoverno federal.

Entendemos desta forma que o Vereador que articulou a live não está à altura de envergar o título de representante do povo, pois contra ele se colocou abertamente ao ser conivente com o ex-deputado, em todos os ataques, crimes e incitações ao crime contra as minorias que, na verdade, são a esmagadora maioria da sociedade brasileira. Assim sendo, solicitamos que a Comissão de Ética da Câmara tome todas as medidas cabíveis para que se preserve o legislativo como espaço de debate e não de agitação autoritária e de desrespeito as cidadãs e aos cidadãos de Juiz de Fora e a garantia de seus direitos. Igualmente, atuaremos junto às demais entidades e partidos que se manifestaram contra este lamentável episódio para que o Senhor Roberto Jefferson assuma as consequências de seus atos. Não passarão!

Em 30 de março de 2021,  Diretório Municipal do PSOL de Juiz de Fora.